A chegada dos caminhões ao Brasil sem sombra de dúvida revolucionou o transporte nacional e no decorrer das décadas muitas mudanças ocorreram, tanto nas vias quanto nos veículos. Então a Castor Multimarcas trás os 10 caminhões que fizeram história no Brasil.
1 - Mercedes L-1113
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O Mercedes L1113 foi um dos
caminhões mais vendidos do Brasil
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Sucessor do
igualmente popular 1111, o Mercedes L-1113 surgiu em 1969 com a mesma cabine,
mas com motor mais moderno e potente – era um seis cilindros 5.7 de 147 cv e 41
mkgf de torque. Contudo, a principal bossa era sua cabine suspensa por molas e dois amortecedores de dupla ação, conforto
que nenhum outro modelo tinha até então.
Confiável e
de manutenção barata, o 1113 se tornou tão popular que foi apelidado de “Fusca
das estradas”. Pudera: foram cerca de 200 mil unidades vendidas até 1987,
sem contar as variações 1313, 1513 e 2013 com maior capacidade
e tração e de carga. Estima-se que mais de 170 mil deles ainda estejam
circulando pelo Brasil.
2 - Scania L111
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O Scania 111 era dos cavalos mecânicos mais fortes de seu tempo. Ainda
hoje pode serencontrado com facilidade no transporte de contêineres. |
Lançado no
Brasil em 1976, o Scania L111 sucedeu os L75 (de 1959) e L76 (1963).
Todos eles receberam o apelido “Jacaré”, mas foi o L111, lançado em 1976, o
mais bem-sucedido deles e também o que teve produção em maior escala, sem
deixar de lado a cor laranja característica estreada pelo L76.
Boa parte dos L111
recebeu o motor DS11, um seis cilindros de 11 litros com turbo que entregava
296 cv a 2.200
rpm e 111 mkgf de torque a 1.400 rpm, com transmissão de 10 marchas e duas
gamas. A produção durou até 1981, mas a robustez e a simplicidade mecânica
deste caminhão de origem sueca permitem que eles sejam vistos aos montes
cruzando estradas brasileiras, sempre tracionando cargas pesadas.
3 - Chevrolet C6500
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O
Chevrolet 6500 deu origem à picape no Brasil |
C6500 é
o “nome científico” do popular Chevrolet Brasil. Levou este apelido por
ter sido o primeiro caminhão da Chevrolet fabricado no Brasil, em São Caetano
do Sul (SP). A produção começou em 1958 com cabine baseada na picape
americana “Advance Design”, mas com frente da “Task Force”.
O motor era um Jobmaster seis
cilindros 4.3 a gasolina de 142 cv a 4.000 e 32 mkgf a 2.400 rpm, com câmbio de
três marchas. A versão 3100, considerada picape, deu origem a outros modelos: o
Alvorada tinha cabine dupla, enquanto a Amazona era a versão fechada de
passageiros e o Corisco era seu furgão. A produção deles durou até 1964, quando
foram substituídos pela linha C-10.
4 - Mercedes L-1620
Lançado em
1996, o Mercedes L-1620 é considerado sucessor direto do
L-1113, tanto pela capacidade de carga quanto pelo sucesso que teve no
mercado. Foi campeão de vendas no Brasil por seis anos. O motor é
um 6 cilindros turbocooler de 211 cavalos de potência e torque de 71 mkgf
entre 1200 e 1900 rpm.
O modelo foi
descontinuado em 2012, sendo substituído pelo Atron 2324, que por sua vez foi
descontinuado no final de 2016. A cabine bicuda continua viva apenas no Atron
1635, um cavalo mecânico com motor de 12 cilindros que gera 345 cv e 147,9
mkgf.
5 - Volvo Titan L935
Os veículos
da Volvo chegaram ao Brasil em 1934. Além de automóveis, vieram ônibus,
tratores e caminhões, que lidavam bem com as primitivas estradas brasileiras.
Mas os famosos L385 “Viking” e L395 “Titan” só chegaram nos
anos 50. Também conhecido pelo nada modesto apelido de “Super Volvo” o Titan
tinha motor seis cilindros 9.6 diesel de 150 cv, bastante força para a época.
6 - Ford F-Series
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O Ford F-8500 era o
cavalo mecânico mais forte da Ford em seu tempo.
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Em 1971 a quinta geração da
Ford Série F estava saindo de linha nos Estados Unidos. Foi o ensejo para
importar o ferramental e fabricá-la no Brasil. Era considerada terceira geração
por aqui, onde marcaria o retorno da Ford às estradas. Ali nasceria uma família
com diversas variações de chassi e capacidade de carga.
O F-8500,
maior cavalo mecânico da família, chegaria em 1977 para acabar com o hiato
da Ford no segmento, que durou quase 10 anos. Seu motor era um Detroit
(sim, um GM) V6 5.2 de 202 cv a 2.600 rpm e 61 mkgf a 1.800 rpm, números
excelentes que só eram conseguidos pelo fato deste motor ser dois tempos.
Os grandes
caminhões da Série F ganhariam mais uma geração e algumas reestilizações até
seu fim, em 2005. Hoje, são representados pelos F-350 e F-4000.
7 - FNM D-11.000
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FNM
D-11 usado pela própria fábrica na distribuição de peças |
FNM (ou
FêNêMê) é a sigla para a Fábrica Nacional de Motores, estatal que foi a
primeira fabricante de caminhões do Brasil. A fábrica de Xerém (distrito de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro) chegou a
fica um ano parada por causa da má situação financeira da Isotta Fraschini, que
lhe fornecia as peças para o D-7.300. Sem poder contar com a Isotta,
encontraram outra fabricante de caminhões italianos, a Alfa-Romeo!
Não havia
“cuore sportivo” nos cara chata da FNM derivados dos Alfa Romeo. O primeiro foi
o D-9.500, mas quem se destacou na histótia foi o D-11.000, lançado em 1958. Caminhão pesado da empresa, tinha motor seis cilindros todo de
alumínio de 150 cv. Logo veio o apelido “Barriga D’água”, culpa do
vazamento de água no bloco em cerca de 30% dos veículos vendidos no
primeiro ano. A FNM trocou gratuitamente todos os motores afetados naquele que
pode ter sido o primeiro recall do Brasil.
O detalhe mais
curioso do D-11.000, porém, era o cruzamento de marchas. Para cada uma das
quatro marchas à frente, havia uma reduzida controlada em uma alavanca extra no
painel. Em algumas trocas o motorista precisa tirar as duas mãos do volante,
mas na passagem da terceira para a quarta reduzida ele pode usar a mão e o
cotovelo. Ao mesmo tempo.
8 - VOLVO N10
Apesar do
relativo sucesso dos Titan e Viking, só em 1979 a Volvo deu início à produção
de caminhões no Brasil. Foi com o N10, com motor 10 litros de 263 cavalos de
potência e capacidade de tração de até 52.000 kg. O detalhe mais
característico está nos quatro faróis.
Para entrar nos
canaviais, em 1984 a Volvo instalou no N10 um motor que queimava álcool e
diesel. Duas linhas de combustível alimentavam o motor turbo TM101 G de 9,6
litros com injeção piloto, que produzia 275 cv. Apenas 10 unidades foram
produzidas.
9 - Mercedes L-608 D
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O "Mercedinho" fez sucesso com os entregadores Brasil afora |
Sempre é
mais legal chamar o Mercedes L-608 D de “Mercedinho”. Lançado no
Brasil em 1972 (a estreia na Europa foi em 1967), foi a aposta da marca para o
segmento de caminhões urbanos. Deu tão certo que ao final do primeiro ano já
detinha 35% do segmento. Com motor 3.8 de quatro cilindros com injeção
direta, 85 cv e caixa de cinco velocidades ZF, tinha capacidade para 3.500
kg.
Muito utilizado
para entregas , o L-608 seria reestilizado 1984 e substituído pelo L-709 em
1988. Este depois ganharia motor turbo de 106 cv e seria rebatizado de L-710.
Aos poucos esta família foi substituída pelo Accelo, desenvolvido no Brasil e
muito mais moderno, até ter a produção encerrada em 2014.
10 - Volkswagen Constellation
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Criado no Brasil, a linha Constellation da Volkswagen tem desde caminhões pequenos até cavalos mecânicos parrudos. |
Último caminhão de
Pedro e Bino na série Carga Pesada, o Volkswagen Constellation foi lançado em
2005. É a família de caminhões pesados mais nova da Volkswagen (MAN), desenvolvida por
engenheiros alemães e brasileiros. Ele chegou a ser testado na África e na
Europa, mas sua produção se dá unicamente na fábrica de Resende (RJ), de onde
também é exportado.
Hoje,
existem 29 variações na família, graças a diferença de potência, capacidade de
tração e tipo de chassi. O menor, 13.180 (4×2), tem motor MWM 4.7
quatro cilindros de 179 cv, enquanto o 31.370 usa motor Volkswagen 9.4
seis cilindros com turbo de geometria variável que gera 367 cv.
Estes são alguns dos caminhões que marcaram e marcam a história brasileira no transporte rodoviário. E você caro leitor, qual destes caminhões marcaram sua vida e alguma forma?